Graziela Barroso

A Primeira Dama da Botânica no Brasil

Filha de Salustino Antunes Maciel e Alzira Martins Maciel, Graziela nasceu no Mato Grosso, em 1912 e foi educada para ser dona de casa, casou-se com apenas 16 anos com o agrônomo Liberato Joaquim Barroso. Devido ao trabalho do marido, morou em várias regiões do país. Com os filhos crescidos,  o marido de Graziela perguntou se ela gostaria de voltar a estudar, e com uma resposta positiva, passou a lhe ensinar botânica em casa. Graziela trabalhou com o marido em sistemática de plantas. Embora não tivesse curso superior na época, treinava novos mestrandos e doutorandos.

Graziela foi, em seguida, trabalhar como estagiária no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Em 1946, ingressou na instituição, após ser aprovada em um concurso de provas escritas e apresentar a monografia “Estudo da Família Musaceae”. Tornou-se a primeira mulher a fazer o concurso para naturalista do Jardim Botânico e permaneceu na instituição por 58 anos. Nessa época os cursos superiores eram bem restritos. " Não se exigia título universitário nem havia uma faculdade: os cursos eram feitos nas faculdades de filosofia, e o concurso [para o Jardim Botânico] não exigia nenhuma especialidade. Nenhuma mulher tinha feito esse concurso, de modo que houve uma certa prevenção por parte dos candidatos homens, que eram cinco, sendo eu a única mulher. Eram cinco vagas. Eles achavam que era uma barbaridade uma mulher fazer esse concurso".Graziela Maciel Barroso dedicou-se sobretudo às áreas de taxonomia e morfologia com ações que propiciaram fundamento na identificação de espécimes vegetais de diferentes biomas, em coleções de herbários do Brasil e do exterior, que resultaram em publicações de artigos e livros. Precocemente, em 1949 ocorreu o falecimento do marido de Graziela e ela ficou viúva com 37 anos. Em 1961 aos 49 anos de idade, graduou-se em Ciências Biológicas pela UERJ, atual UFRJ e em 1962, assumiu a Chefia de Seção de Botânica Sistemática.

Em 1966, como convidada, criou o Departamento de Biologia Vegetal da UnB- Universidade de Brasília.Concluiu seu doutorado em 1973, aos 60 anos de idade, pela Unicamp e nesse mesmo ano, perdeu seu filho num acidente de avião. "Meu filho era piloto,todo mundo pensou que eu fosse abandonar a universidade. Fiquei arrasada. Mas não só não deixei de trabalhar, como cinco dias depois estava no Jardim Botânico e na universidade. Procurei no trabalho toda a força que precisava ter". Em 1974, foi proibida pela Ditadura Militar de entrar no Jardim Botânico por três meses, sob acusação de envolvimento com o comunismo.  

Desde a década de 1960, Graziela posicionou-se pela preservação da natureza e, juntamente com Burle Marx, Margaret Mee e outros ecologistas, denunciou desmatamentos, queimadas e demais desastres ambientais, como mostram matérias de diversos jornais da época. A convivência com Burle Marx fez crescer uma admiração mútua, em que, por um lado, o paisagista ampara-se nos conhecimentos da botânica e, por outro, ela respeitava o artista que exaltava ainda mais a beleza das plantas. Graziela participou de diversas excursões organizadas por Burle Marx pelo Brasil para conhecer as plantas, muitas delas introduzidas pela primeira vez no paisagismo. Graziela a primeira dama da botânica no Brasil, foi a maior taxonomista de plantas do país. Além de ter formado gerações de pesquisadores que hoje se dedicam às investigações científicas em inúmeras instituições. A cientista também escreveu dois livros adotados como referência para cursos de botânica. Mais de 25 espécies vegetais catalogadas receberam o nome em sua homenagem. Graziela morreu em 05 de maio de 2003, aos 91 anos, no Rio de Janeiro.

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https://www.instagram.com/reel/Cq-ks6Igr0v/?igshid=YmMyMTA2M2Y=

https://www.gov.br/jbrj/pt-br/assuntos/colecoes/arquivistica/graziela-maciel-barroso

https://unifei.edu.br/personalidades-do-muro/extensao/graziela-barroso/

https://www.dw.com/pt-br/de-dona-de-casa-a-pioneira-na-bot%C3%A2nica/a-4746265719

 

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