Carolina de Jesus

Carolina Maria de Jesus, nasceu em 1914 em uma comunidade rural de Minas Gerais, filha de pais analfabetos. Foi maltratada durante a infância e só frequentou a escola por dois anos, o suficiente para despertar o gosto pela leitura.  Após se mudar para São Paulo em 1937, Carolina trabalhou como empregada doméstica. Em 1938, engravidou de um português que a abandonou. Mãe solteira e sem emprego, acabou vivendo nas ruas e, em 1948, o governador de São Paulo ordenou a remoção de mendigos para uma área que se tornaria a favela do Canindé, onde Carolina passou a viver, sustentando-se com a coleta de materiais recicláveis. Ao mesmo tempo que trabalhava como catadora, registrava o cotidiano da comunidade onde morava nos cadernos que encontrava. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas a descobriu enquanto buscava material para uma reportagem sobre a favela do Canindé. Ele reconheceu o talento de Carolina e a ajudou a publicar seu primeiro livro em 1960.

Com a publicação de seu livro "Quarto de despejo: diário de uma favelada", ganhou destaque nacional e recebeu homenagens de várias instituições literárias. Sua fama atraiu a atenção de escritores renomados como Rachel de Queiroz e Manuel Bandeira. No entanto, foi desacreditada por vários escritores da época, que achavam que ela não teria capacidade para escrever e que alguém estava escrevendo em seu nome. Os pagamentos de direitos autorais eram pequenos, abaixo do esperado para uma autora cujos livros vendiam bem em diversos países e logo pararam de pagar fazendo com que ela tivesse que voltar a trabalhar como catadora. 

Carolina faleceu em 1977, em São Paulo, aos 62 anos. Seu legado, no entanto, transcende fronteiras, com mais de cinco mil páginas de escritos que desafiam as normas literárias tradicionais. Carolina foi publicada em mais de 40 países e traduzida para 14 línguas, tornando-se um ícone da literatura brasileira e um instrumento de denúncia social das condições de vida nas favelas. Segundo Fernanda Rodrigues de Miranda, mestre em Letras: “Carolina Maria de Jesus é precursora da Literatura Periférica no sentido de que ela é a primeira autora brasileira de fôlego a constituir a tessitura de sua palavra a partir das experiências no espaço da favela, isto é, sua narrativa traz o cotidiano periférico não somente como tema, mas como maneira de olhar a si e a cidade. Por isso, seu olhar torna-se cada vez mais crítico diante do cenário de ilusões que São Paulo projetava com sua falsa imagem de lugar com oportunidades para todos.”

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